Cariocas no Canadá

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Cortando mais um cordão..


Oi pessoal! Eu ia falar simplesmente do nosso ultimo final de semana,porem achei melhor tocar num assunto que diz respeito a mais pessoas alem de nossa pequena familia aqui:o cordão umbilical.
Quando imigrantes que somos,passamos por essa experiência mais cedo ou mais tarde querendo ou nao.Uns conseguem,sobrevivem a isso e outros sucumbem e ate mesmo retornam a terrinha Brasilis por isso.
Nao estou sendo clara? Bom,desculpem,serei entao!
Vou falar de meu exemplo pq acho que fica mais facil para detalhar(amo detalhar).
Quando saimos do Brasil,nos viviamos numa casa e minha mae num apartamento no bairro vizinho.Apesar de nao morarmos juntos,estavamos com ela todos os fins de semana,almocavamos juntos,tinhamos aquele momento familia mesmo.Como sou filha unica e meu pai faleceu ha mais de 41 anos,eu e ela apesar de sermos muito diferentes,so tinhamos uma a outra por muitos anos e isso gera um vinculo forte,uma coisa meio que de dependencia emocional,mesmo que no bom sentido,se podemos falar assim.
Nao viajavamos sem avisar a ela pra onde e por quanto tempo,e ela a nos. Imagine se acontecesse algo e ela nem soubesse onde estavamos?
Por essas e outras razoes nossas vidas eram muito compartilhadas e com isso quando chegamos aqui,eu senti muito.
Quem quiser ler no comeco do blog algum relato de como fiquei nos 4 primeiros meses,fique a vontade!
Lembro ainda que a cada vez que conversavamos via Skype,havia choro,saudades,preocupacoes..nao era nada facil..quem vive isso sabe exatamente do que estou falando.
O prazer passava longe mesmo! Logo do terceiro para o quarto mes,eu acabei adoecendo,perdia cabelos,tinha tonteiras,pressao baixa..nao sabia o que tinha ou se realmente tinha algo que pudesse ser tratado de forma convencional. Minha amiga Erika e uma outra pessoa que nem conheco direito,me apoiaram,se preocuparam,telefonaram pra saber como eu estava e foi realmente o momento mais dificil da minha imigração até hoje.Nao esquecerei esse apoio que recebi jamais.
Quando meu marido foi a uma farmácia conversar com uma farmaceutica,ela imediatamente diagnosticou após ele falar os sintomas e explicar que ja havia ido a médico e nada. A moça deve ter uma baita experiencia e tambem era imigrante assim como nos pois foi logo dizendo:Isso e normal agora no começo,vcs deixaram seu País,familiares,amigos,deixaram sua identidade e agora estarao refazendo,criando vínculos novos.
O que ela nao falou foi que estavamos cortando nossos cordões umbilicais,só isso,pq de resto falou tudinho!
Receitamos então para nós mesmos,reduzir as chamadas para o Brasil,reduzimos o tempo de cada chamada e quando comecava a ficar aquele clima triste,pediamos para desligar.
Aos poucos fomos sentindo tanto eu como minha mae,ficarmos mais fortes e nossas conversas passaram a ser mais proveitosas e num outro clima.
Não que a saudade tenha diminuido,isso não,mas aprendemos a conversar sem ficarmos nos arrastando no assunto saudade principalmente regado a choro,o que so nos fazia mal.

Hoje eu vejo que faltava aquela separacao entre nos para que fosse cortado o cordão umbilical,faltava um pedacinho ainda.

Lembrei desse assunto pq fiz uma coisa diferente esse final de semana;viajei sozinha sem nossa filha pela primeira vez!
Foi dificil tomar coragem,confesso. Ela tem 14 anos e sempre fomos muito juntinhos.

Quando ela me disse que teria prova na sexta e trabalho de fim de ano na segunda,fiquei super chateada pois isso significava que ela nao poderia viajar comigo pra ver Marcelo.
Como ja expliquei a cidade fica longe e precisamos de um dia pra ir e outro pra voltar,ou seja,impossivel pra ela nesse momento.
Passei uma semana inteira tomando coragem,conversando com amigas sobre isso..ate me aproveitei mais uma vez dos conselhos de uma amiga que e psicologa,hehe..e resolvi que iria comecar o processo de corte de nosso cordao dessa vez.

Viajei tranquila na sexta pela manha,minha filha ficou com nosso melhor amigo,em nossa casa. Ele ja faz tempo assumiu a posicao de padrinho dela e inclusive nomeamos como tutor legal aqui no Canada.(falarei sobre isso depois).
Ainda teve a assistencia de nossa querida amiga e vizinha da casa ao lado.
Foi sem duvida uma boa experiencia para todos nos.

Eu pude estar com ele num clima diferente do habitual pq estavamos somente nos dois e ela amadureceu mais um pouquinho tendo a casa pra cuidar,os gatos,etc..mesmo com a supervisao de nosso amigo.
Deixei alguma comidinha feita e outras eles fizeram juntos. Se viraram muito bem!
Encontrei a casa limpa,gatos penteados,olhinhos limpos,freezer quase vazio,hehe..enfim,deu tudo certo!
Agora estamos esperando a chegada de Marcelo hoje a noite,essa sera a primeira vez que ele vem por conta da empresa.Se nao tivessemos feito nosso esqueminha caro dele vir e de eu ir ate la,teriamos ficado 25 dias sem nos vermos e isso sem internet nem telefone pra piorar mais ainda!!
Ele ficara por 3 dias e depois so vira dia 23 para fazermos nossa mudanca e irmos juntos para o nordeste comecar nossa jornada ate setembro de 2012.

Falando em nordeste,em breve postarei uma aventura culinaria dele recente em terras geladas,alias, alem de falar somente frances,nosso nordeste tambem fica bem mais frio que o nordeste brasileiro!
Peguei 7 graus por la enquanto estava na casa dos 30 em Montreal..que contraste gente!!

As fotinhas ficam pra proxima pq nao quis baixar aqui no computador de minha filha,o meu esta no conserto e so chega hoje a tarde,por isso estou tambem sem acentos como perceberam. Depois venho corrigir.

6 comentários:

  1. Olá Patinha,

    Obrigado por compartilhar conosco! Eu tenho sentindo bastante a falta das pessoas queridas o que me tem feito amadurecer bastante!!

    Abs.

    Ventura

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  2. Oie Patinha!
    Eu sei bem o que é isso viu?
    Não faz muito tempo que consegui cortar o cordão com meus pais e isso regado a muito sofrimento mesmo! Aff!
    Reparei que vc viajou sozinha para encontrar seu marido...é muito importante se permitir viver coisas novas, né? rsrs
    O mais importante e lindo é o amor que os une!
    Bjs iluminados!

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  3. passo pelo mesmo, bom vc sabe né querida amiga ... realmente nao é facil, mas tbm percebi que depois que fui diminuindo as ligacoes ( simplesmente foi acontecendo de ambas as partes) a dor diminuiu e hj sinto que cortei o cordao ... sinto saudades sim, mas hj lido melhor com ela ...

    beijos no coracao :)

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  4. oi Patinha, ótimo post!
    Estamos no Brasil, no processo Federal... na minha família sou mto ligada à minha mãe tbém e ela à mim, somos em 4 irmãos (3 irmãs e 1 irmão), minhas irmãs moram em outras cidades e eu sou a única filha que ainda mora na mesma cidade que meus pais! Vou imigrar com a família que construi (marido e filho)! Já sinto uma pontinha de dor de deixar meus pais! Mas graças à Deus, tenho uns anjos como pais, que são nossos maiores apoiadores! Imagino que dói neles, seus olhinhos brilham qdo falam da imigração, mas fazem de tudo p/ minha felicidade.
    Estão me dando uma grande lição, sei que em breve serei eu quem terei que deixar meu filho voar... dói só de pensar! Mas é algo sadio e necessário.
    Mto lindo seu post.
    Obrigada!
    Bjs

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  5. Ventura,Bia e Fabi,obrigada pela visitinha e carinhos de sempre!

    Ju,realmente esse momento requer muito equilibrio e geralmente a gente pensa que esta pronta pra isso,mas chega na hora e vemos como a situação é delicada.Quando é conosco as coisas são diferentes mesmo.
    Vai dar tudo certo pra vcs,que bom que apoiam,minha mãe sempre apoiou apesar de ser a maior prejudicada com nossa vinda.:(
    Obrigada pelo comentário! Volte sempre!
    Bjs

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  6. Ahh mãe é mãe né, sinto falta de todos, meu pais, amigos, mas da minha màe é uma coisa tão forte que ainda tenho dúvidas se valerá a pena ficar p sempre morando tão longe! Ao mesmo tempo entendo que faz parte da vida os filhos seguirem seu rumo que nem sempre é pertinho ... adorei o post

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A melhor resposta à calúnia é o silêncio. (Ben Jonson)